Por que Melbourne?
O desafio de emigrar para outro país vem geralmente com inúmeras dúvidas, às vezes insegurança e até mesmo receio em relação ao lugar, à cultura, à adaptação. Conheça a experiência da brasileira Cinthia de Paula que, junto com o marido, escolheu Melbourne como sua nova casa.
Author: Por Cinthia de Paula
Essa foi uma das perguntas que eu e meu marido mais respondemos depois que tomamos a decisão de vir pra cá. “Mas por que tão longe?”, ou “Não seria melhor Sydney, que é maior e mais conhecida?”, ou “Você não vai aguentar o frio daquela cidade. Vocês têm certeza?”.
Sim, nós tínhamos. Quando falamos para nossos familiares e amigos no Brasil que viríamos para Melbourne nós já tínhamos amadurecido bastante o plano entre nós, construído dois anos antes. Partimos em abril de 2014 e desde 2012 conversamos muito, pesquisamos mais ainda e fizemos uma avaliação consciente e criteriosa, baseada nos nossos próprios valores e desejos, claro. Nada científico.
Era minha primeira vez indo morar fora do Brasil e eu precisava ter certeza e segurança da decisão que estávamos tomando. Eu precisava me responder essas perguntas também. Fiz, então, uma longa pesquisa comparando três cidades australianas – Melbourne, Sydney e Brisbane. Ah! A essa altura já tínhamos decidido pela Austrália em função da crise econômica mesmo – a Europa ainda estava mergulhada e com taxas altíssimas de desemprego e os Estados Unidos não estavam prosperando como gostaríamos para nos aventurarmos como imigrantes na terra do Tio Sam.
Montei, então, uma tabela comparando as características mais importantes para nós em cada uma das cidades aussies selecionadas: clima, médias de renda e custo de vida, pontos fortes e fracos. Melbourne ganhou porque, sim, apesar de ter o clima mais frio entre elas – um desafio pra mim que sou mega friorenta e não gosto de temperaturas muito baixas – reunia também os pontos positivos mais marcantes: culturalmente é a cidade mais diversificada; reúne grande número de empresas, o que amplia as possibilidades de trabalho; concentra as melhores universidades e centros técnicos do país; e, pra coroar a decisão, foi eleita quatro vezes pela revista The Economist a melhor cidade do mundo para se viver, em pesquisa que considera fatores como estabilidade, saúde, cultura, meio ambiente, educação e infraestrutura.
Pronto! Não havia mais margens para dúvidas. “Mas é muito frio e muito longe, vocês têm certeza?”. Sim, continuávamos tendo e nos aparelharíamos de tudo para reduzir esses desconfortos. Desnecessário dizer que a internet derrubou as barreiras de distância e converso com amigos e familiares como se estivessem aqui do meu lado. E tem mais: depois que você está dentro do avião e vai fazer uma viagem cansativa, pouca diferença faz voar 11 ou 14 horas e passar por um ou dois aeroportos no caminho.
Eu sobrevivi bem ao primeiro inverno aqui. Meu marido diz que fui exemplar, inclusive. Isso porque compramos nossas bicicletas no segundo mês após chegarmos, e o inverno começou na sequência. Fizemos tudo, sempre, todos os dias, pedalando. Aprendi que usando as roupas certas (uma boa segunda pele, uma bota quentinha e um casaco que te protege do vento frio) o conforto vem junto e dá tudo certo. O aquecedor virou meu eletrodoméstico preferido, é um fato. Continuo preferindo o verão, sem dúvidas, mas já vejo no inverno seu charme e pontos positivos. Um fundamental pra mim é manter as baratas longe de casa e das ruas!
Nos apaixonamos por Melbourne e nos adaptamos muito bem à cidade! As pesquisas e o planejamento (tanto psicológico quanto financeiro) anteriores foram fundamentais e nos deram os alicerces que precisávamos para chegar aqui sabendo o que encontraríamos. Sem decepções ou surpresas desagradáveis apenas reforçamos nossas expectativas e o imenso desejo de prosperar no nosso sonho.